Sobre Meu Olhar
No sentir do meu ser —
entre a silhueta daquela arvore e as folhas secas no chão
— Persiste o profundo nada
Que genuíno seja todo o desespero que —
se acomoda na solidão do que vejo
— Porque o que há de estar na minha frente —
Nem mesmo a alma mais pura seria capaz de fixar seus olhos
e engolir a corrente que envolve essa beleza inquietante
Viver do que não se pode —
pois é de imaginável incompreensão
Entre os galhos dançando chuva e as notas do piano
guarda ali — o mais lindo momento —
De quando fomos grandes
e ao mesmo tempo pequenos.
Enquanto for longe do que sou —
Outros serão bruscamente
— incapazes de ouvir o musical envolvendo
aquelas pequenas formas de vida
Corrói lentamente — dentro de mim
a angustia de não poder nunca se quer
— descrever a veracidade de tudo que vejo
Até mesmo naquilo que — nunca houve —
sempre existiu a possibilidade — mesmo sem querer —
de enxergar os mistérios mais lindo que uma flor pode guardar
Mas de nada adianta — todo o sentimentalismo
que ferve — em cada uma das pétalas
— se ninguém teria o prazer de senti-lo comigo
Assim serei — sentindo e vendo
os segredos atrás de meus olhos
Daqueles que ninguém há de tirar do meu olhar
— a imensidão e a beleza das coisas que me descerra —
Abre e fecha o meu ser —
que não sabe ser sem elas
Queria eu e todas as belas coisas —
gritar sem voz para o mundo
No mesmo enquadramento —
ângulo e posição — a harmonia que vejo
o simples horizonte revelar — o quão grande pode ser o mundo
para que assim — vocês pudessem ver
— com seus corações —
as maravilhas guardadas atrás de um único reflexo.
Há de um dia — naquele mesmo lugar
— entre uma coisa ou outra
sua formidável alma poderá ver sobre seus olhos
tudo o que delicadamente te faz ser
Até no mais simples relance — verá as coisas um pouco mais do que são
E se o que ver não passar do que realmente é
eu e minha alma no aquietaremos — eu prometo