Dom

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1 min readJun 10, 2024

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É possível haver em ti o dom de despertar?
Sobre os insoláveis galhos
dançantes ao alto do céu
Estabelece em mim o ato de acordar
Nascendo sob os olhos a
imensidão daquele azul
Me invade e abre
Pétala por pétala
Como novas tulipas num sol de inverno
Não posso saber o que há em mim
Que cada nota rodopia
sobre meus órgãos
Me derretendo acima de toda beleza
que persiste naquele solo
Escorrendo até um rio
e me desmanchando
No dispersar do meu ser
Não sei o que há em mim
Que assim como o sol e a lua
Eu me apago e me oculto
Diante de seus olhos
Em mim há esse dom de respirar
com uma alma que descerra meus pulmões
Sobre esse humano que vos fala
Há uma desmesurada solidão
E o desejo de descansar os olhos
Para todas as belezas do mundo
Nunca mais ver ou sentir
Manter-se firmemente sólido
Diante das maravilhas que a luz radiante
e estridente do sol revela

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"Conheço tudo, menos a mim mesmo" - François Villon