Apatia

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1 min readDec 19, 2022

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Levantei meus muros e me abaixei sobre os montes
As vezes as palavras são o que parecem ser
e as paisagens escondidas atras dos versos que eu mesma criei
Jamais serão vistas de verdade

A presença aguda da angustia consegue fazer
até a colina mais alta desmoronar acima de pessoas efêmeras
Sigo sendo como posso e nunca sendo como sou
Eu me tornei tudo quando pensei ser único

E a inconstância dessa existência
Só endereça a necessidade do nada
a urgência do ócio, o silencio e a ausência
Vou sendo até não poder mais
até a corrupção das ideias me tomar para si

Há alguma esperança na negação quando já não anseia por isso
Eu sei como é o motor do homem
quando ele se aquieta dentre as falhas do desespero
Porque a morte é uma constante da vida
e a respiração insuportável é só para aqueles
que se fecham aos olhos da alma

Não existe fraqueza quando nunca se teve força
E as estruturas que compõem a barreira
entre mundo e o homem são vencidas pela desistência
Não há por que temer o mal se ele está do lado de fora
do que o corpo pode proteger

É como nascer, ao contrário
Só até o necessário, apenas por enquanto
Quando o costume se tornar um hábito
e o que é grande não se parecer mais

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"Conheço tudo, menos a mim mesmo" - François Villon